Grupos de Capoeira Cordão de Ouro Corumbá e Região do Pantanal MS
Organização dos grupos de capoeira em todo o país é o desejo daqueles que reconhecem que essa prática extrapola sua natureza cultural. Por isso mestres, professores, instrutores e adeptos da prática da capoeira estiveram reunidos em Corumbá, no último sábado, 12 de maio, na sede do Imnegra (Instituto da Mulher Negra do Pantanal). A "Reunião Ampliada dos Grupos de Capoeira Corumbá e Região do Pantanal MS" contou com a participação de representantes das cidades de Campo Grande, Anastácio, Miranda, Nioaque, Guia Lopes, Jardim, Sonora, Pedro Gomes, Bela Vista, Ladário, além da cidade sede, Corumbá; de Ouro Branco, no estado de Mato Grosso; e da capital São Paulo. O encontro foi presidido por Ednir de Paulo, presidente da Imnegra, e levou à pauta temas como o cadastro nacional de capoeira, a situação dos grupos de capoeira no Estado e, em especial, em Corumbá e região do Pantanal; Conselho de Mestres e proposta para o Encontro Estadual de Capoeira. "A presidenta Dilma determinou que a capoeira seja organizada para se tornar mesmo patrimônio imaterial cultural do Brasil. Ela está meio dispersa e é preciso que em cada estado do Brasil, se crie esses conselhos sem interferir na questão individual do trabalho dos capoeiristas", disse Ednir ao lembrar que a capoeira já foi oficializada como patrimônio imaterial nacional, porém necessita de organização para que o movimento se fortaleça em todo território nacional com representatividade e ações pontuais. Assim, o Conselho de Mestres, que reunirá ao lado dos detentores do conhecimento mais elevado da capoeira, entidades do movimento negro, servirá como um instrumento de fortalecimento da prática. "Para nortear políticas públicas em termos de espaço de local adequado, de estar aperfeiçoando essa cultura dentro do Brasil. O Conselho vai servir para proteger a individualidade dos capoeiristas e desenvolver a capoeira em todos os estados do Brasil", avaliou Ednir de Paulo em entrevista ao diário, lembrando que é a terceira vez que reunião desta natureza acontece em Corumbá, colocando o município à frente de demais cidades de Mato Grosso do Sul, o que, inclusive, fortalece o movimento para a realização, em outubro próximo, de uma conferência estadual de capoeiristas na cidade. Marcos Henrique, o contra-mestre Biro, que é especialista em História da África, esteve em Corumbá ajudando na mobilização dos capoeiristas dessa porção do Estado. Ele lembrou que a profissionalização do capoeirista é uma luta antiga e que tem tudo para se concretizar desde que exista uma organização entre as pessoas que a promovem e a praticam. "A capoeira é conhecida como movimento social, cultural e folclórico. Hoje, nossa demanda é profissionalizar essa ação. Fazer com que amanhã existam pessoas que sejam profissionais, que vivam da capoeira, vivam de um esporte que faz parte da cultura dele, das raízes de um povo", avaliou o especialista que já acumula 26 anos na prática da capoeira. "A roda de capoeira é considerada um patrimônio cultural brasileiro, avançou muito no país, principalmente com a lei 10.639/2003 que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira em todas as escolas brasileiras. Assim, a capoeira pode ser utilizada no currículo escolar", ressaltou. João Paulo Pereira do Amaral, consultor da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura) para o Patrimônio Cultural Imaterial no Mato Grosso do Sul, não pode estar presente a esta reunião por motivos pessoais, mas ressaltou em carta enviada aos presentes que a roda de capoeira busca o reconhecimento como patrimônio imaterial da Humanidade. "É mais um passo na consolidação da capoeira como expressão original do povo brasileiro que se oferece aos povos do mundo como prática, atitude de vida, pensamento, técnica, esporte, prazer, arte e cultura", diz o consultor ao lembrar que, neste sentido, desde o último dia 04 reuniões estão sendo realizadas em todo o Estado. "Não é só mais um título bonito para colocar na parede nem é mais um simples reconhecimento para compor discursos de exaltação. Vai além. É um pacto entre o Brasil (governo e sociedade) e o mundo para aumentar as bases de expansão das nossas raízes. Um passaporte a mais para abrir fronteiras e dar o tom brasileiro, detentor absoluto das raízes dessa prática, no cenário internacional. O que se abre é a possibilidade de criação de mais estrutura e força política. Obriga governos e instituições a um zelo mais profundo no incentivo e manutenção das políticas públicas com investimentos continuados e programas definidos a partir do diálogo", esclareceu. Em Corumbá, existem cerca de 200 capoeiristas que desenvolvem a prática em grupos, escolas e academias. Lívia Gaertner livia@diariocorumbaense.com.br Fotos: Lívia Gaertner Reunião ampliada aconteceu na sede do Instituto da Mulher Negra do Pantanal e foi comandada pela presidente, Ednir de Paulo Evento contou com representantes das cidades de Campo Grande, Anastácio, Miranda, Nioaque, Guia Lopes, Jardim, Sonora, Pedro Gomes, Bela Vista, Ladário, além da cidade sede, Corumbá; de Ouro Branco, no estado de Mato Grosso; e da capital São Paulo Praticantes e mestres de capoeira buscam representatividade para fortalecimento em todo território nacional
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