sábado, 31 de dezembro de 2011
Caminhada em defesa da Liberdade Religiosa acontece esta tarde
Religiosos e integrantes de entidades ligadas à cultura afro-descendente promoverão nesta quinta-feira, 29 de dezembro, a "Caminhada em defesa da liberdade religiosa". A manifestação foi decidida em reunião ocorrida no final da tarde de terça-feira, dia 27, na sede da Gerência da Promoção da Igualdade Racial, onde se reuniram representantes de várias entidades da cidade a fim de definirem uma forma de exporem a indignação com a decisão tomada pela Diocese de Corumbá de não realizar a já tradicional missa do dia 30 de dezembro com a presença de candomblecistas na igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária, seguida da lavagem da escadaria.
Na visão dos religiosos e entidades, a não realização da missa que acontecia desde 2002, foi um ato de discriminação, atitude negada pelo bispo diocesano Dom Martinez Álvarez. "Não é que haja animosidade, em absoluto, mas nosso nível de comunhão ainda não é tão profundo para podermos compartir (partilhar) a eucaristia que, para nós, é momento de comunhão mais profundo dentro da igreja católica Quando tomamos uma decisão, ela não é leviana, é fruto de ponderação. Tomamos não pensando em voltar atrás. Repito que, com base na opinião de alguns fieis, e no que acontece na Bahia, que também não abre as portas (da igreja), nós decidimos por não realizar a missa no dia 30 de dezembro na igreja Matriz. Nós não queremos ser diferentes do Brasil, não queremos inventar moda", declarou ao Diário em entrevista anterior.
A caminhada terá concentração no Jardim da Independência, às 17 horas, e seguirá trajeto pelas principais ruas da área central da cidade (Dom Aquino - Frei Mariano - Delamare - Antônio Maria), chegando até a frente da Igreja Matriz onde os participantes permanecerão em silêncio enquanto capoeiristas, simbolizando os guerreiros africanos, farão uma apresentação.
Na sequência, a caminhada descerá a ladeira Cunha e Cruz com destino ao Teatro de Arena do Porto Geral de Corumbá, onde será dado início ao 3º Ritmos do Atabaque, evento que, através das apresentações de cânticos da umbanda e candomblé, busca promover a união entre as pessoas, desfazendo os mitos em torno das religiões de matrizes africanas.
"Será uma caminhada pacífica na qual chamamos todos para participar, pois apesar de ser motivada por uma discriminação religiosa, estaremos nos manifestando contra todo tipo de discriminação", explicou o babalorixá Zazelakun Clemílson Medina ao solicitar que a população leve cartazes e faixas.Já confirmaram participação na Caminhada, o Imnegra (Instituto da Mulher Negra do Pantanal), IMKOP (Instituto Madê Korê Odara do Pantanal), grupo de capoeira Cordão de Ouro, a seccional da FECAMS (Federação de Cultos Afro-brasileiros e Ameríndios de Mato Grosso do Sul), Acoglet (Associação de Gays Lésbicas e Travestis), ONG DASSC ((Dignidade, Ação, Saúde, Sexualidade e Cidadania) e as comunidades quilombolas Aquirrio, Acteo, Acodfal e Iccab.
Religiosos rezam e jogam capoeira em porta de igreja onde missa foi proibida
Vestidos com trajes que remetem às raízes africanas, religiosos da umbanda e do candomblé promoveram no final da tarde desta quinta-feira, 29 de dezembro, a "1ª "Caminhada em defesa da liberdade religiosa". O ato foi uma forma encontrada pelos religiosos para exporem a indignação com a decisão tomada pela Diocese de Corumbá de não realizar a já tradicional missa do dia 30 de dezembro com a presença de candomblecistas na igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária, seguida da lavagem da escadaria.
A caminhada teve concentração no Jardim da Independência e partiu de frente da Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora, na rua Dom Aquino, percorrendo as ruas Frei Mariano, Delamare, Antônio Maria Coelho, chegando até à frente da Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária. Apesar de a igreja estar com as portas abertas, pois se preparava para receber fieis para uma missa, os religiosos não entraram no prédio e, do lado de fora, deram as mãos e rezaram o "Pai Nosso". Na sequência, uma roda de capoeira foi aberta.
"O jogo de capoeira não é uma afronta, é para sentir Ogum, o orixá guerreiro, chegar, para sentir os orixás homens e mulheres alentaram essa carga negativa que foi gerada e limpar esse espaço de discussão para que seja feita a lavagem das escadarias não somente em nome da tradição, mas por amor no coração", disse o babalorixá Zazelakun Clemílson Medina que aproveitou para afirmar que nesta sexta-feira, 30 de dezembro, repetirá o ato da lavagem da escadaria da igreja como vem fazendo desde 2002. "Eu respeito a casa de Deus, e sei que esse Cristo vivo estará do lado de fora, olhando os fiéis que estarão ali para adorá-los", disse ao Diário.
A caminhada teve concentração no Jardim da Independência e partiu de frente da Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora, na rua Dom Aquino, percorrendo as ruas Frei Mariano, Delamare, Antônio Maria Coelho, chegando até à frente da Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária. Apesar de a igreja estar com as portas abertas, pois se preparava para receber fieis para uma missa, os religiosos não entraram no prédio e, do lado de fora, deram as mãos e rezaram o "Pai Nosso". Na sequência, uma roda de capoeira foi aberta.
"O jogo de capoeira não é uma afronta, é para sentir Ogum, o orixá guerreiro, chegar, para sentir os orixás homens e mulheres alentaram essa carga negativa que foi gerada e limpar esse espaço de discussão para que seja feita a lavagem das escadarias não somente em nome da tradição, mas por amor no coração", disse o babalorixá Zazelakun Clemílson Medina que aproveitou para afirmar que nesta sexta-feira, 30 de dezembro, repetirá o ato da lavagem da escadaria da igreja como vem fazendo desde 2002. "Eu respeito a casa de Deus, e sei que esse Cristo vivo estará do lado de fora, olhando os fiéis que estarão ali para adorá-los", disse ao Diário.
CORUMBÁ/MATO GROSSO DO SUL
Integrantes do candomblé lavam escadaria da igreja Matriz
As portas fechadas da igreja e a não realização da missa que congregava católicos e representantes do Candomblé, não tiraram a beleza da já tradicional Lavagem da Escadaria da Matriz de Nossa Senhora da Candelária com água de cheiro e flores. A celebração, realizada na noite da sexta-feira, 30 de dezembro, chegou a décima edição este ano. A primeira ocorreu em 2002.
O babalorixá Zazelakun Clemílson Medina, um dos principais organizadores da Lavagem da Escadaria, disse não temer que a iniciativa se perca com o passar dos anos em função da negativa da Diocese de Corumbá em não permitir a entrada deles na igreja para participar da missa, que habitualmente antecedia a cerimônia, e manter as porta fechadas durante a celebração da religião de matriz africana.
"Quando vejo pessoas que não são do Candomblé chegando aqui, percebo que essa celebração só tem a ganhar força. Essas pessoas vieram porque viram que nossas palavras têm força. Mesmo que esteja sozinho, enquanto vida o Cristo Vivo me der, estarei aqui nessa porta", afirmou o babalorixá Zazelakun a este Diário.
Clemilson lembrou que o gesto de lavar os degraus da escada da primeira igreja construída em Corumbá traz em seu significado maior "a inclusão" das famílias afrodescendentes com as católicas. "Quando pedi essa união foi para quebrar qualquer tipo de preconceito e mostrávamos que as religiões estavam se unindo. A cerimônia é feita nisso, mostrando que a gente lava com água de cheiro as escadarias onde o Deus vivo passa e também seus fiéis", reforçou.
Inspirada em uma tradição baiana, a lavagem foi rápida, enquanto o babalorixá Clemílson rezava na língua Iorubá (idioma africano), mães e filhas de Santo entoando cânticos cumpriam a missão de purificar a passagem da igreja.
"Dá uma tristeza [ver a porta fechada], mas o barulho desse balanço em que as crianças brincam na praça seria para mim o soar dos sinos", resumiu assim, o Zazelakun Clemílson Medina, o sentimento dos representantes do Candomblé.
O babalorixá Zazelakun Clemílson Medina, um dos principais organizadores da Lavagem da Escadaria, disse não temer que a iniciativa se perca com o passar dos anos em função da negativa da Diocese de Corumbá em não permitir a entrada deles na igreja para participar da missa, que habitualmente antecedia a cerimônia, e manter as porta fechadas durante a celebração da religião de matriz africana.
"Quando vejo pessoas que não são do Candomblé chegando aqui, percebo que essa celebração só tem a ganhar força. Essas pessoas vieram porque viram que nossas palavras têm força. Mesmo que esteja sozinho, enquanto vida o Cristo Vivo me der, estarei aqui nessa porta", afirmou o babalorixá Zazelakun a este Diário.
Clemilson lembrou que o gesto de lavar os degraus da escada da primeira igreja construída em Corumbá traz em seu significado maior "a inclusão" das famílias afrodescendentes com as católicas. "Quando pedi essa união foi para quebrar qualquer tipo de preconceito e mostrávamos que as religiões estavam se unindo. A cerimônia é feita nisso, mostrando que a gente lava com água de cheiro as escadarias onde o Deus vivo passa e também seus fiéis", reforçou.
Inspirada em uma tradição baiana, a lavagem foi rápida, enquanto o babalorixá Clemílson rezava na língua Iorubá (idioma africano), mães e filhas de Santo entoando cânticos cumpriam a missão de purificar a passagem da igreja.
"Dá uma tristeza [ver a porta fechada], mas o barulho desse balanço em que as crianças brincam na praça seria para mim o soar dos sinos", resumiu assim, o Zazelakun Clemílson Medina, o sentimento dos representantes do Candomblé.
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